Apresentação
da unidade
Da mesma maneira que na unidade anterior, deixamos
termos como “geomorfologia” e “climatologia”
para trás e identificamos a unidade pela expressão
“geografia da atmosfera”. As razões são, basicamente,
as mesmas: em primeiro lugar, porque, mesmo que
os fundamentos básicos para a compreensão da dinâmica
climática estejam evidenciados na maior parte
do conteúdo ali desenvolvido, o que se objetiva é
relacionar tais dinâmicas às suas dimensões locacionais,
isto é, procurando relacionar o significado do
clima com a identidade dos lugares.
Com esse objetivo em pauta, a dinâmica da unidade
segue a mesma fundamentação das anteriores:
a cada passo se busca construir algum tipo de conclusão
e, no passo seguinte, tal conclusão se torna
base para colocar em pauta novas variáveis, novas
informações e, portanto, construir novas conclusões.
O roteiro é relativamente simples: parte-se da noção
de que a esfericidade da Terra é determinante na
definição da distribuição da energia solar sobre a at-
mosfera,
a hidrosfera e a litosfera e que o comportamento
das
ondas luminosas não é o mesmo quando
em
contato com cada um desses elementos. Assim se
explicam
o aquecimento da atmosfera de baixo para
cima
e, consequentemente, a formação dos centros
de
baixa pressão e a presença das chuvas equatoriais.
O
passo seguinte é identificar os centros de alta
pressão
e a forma geral dos movimentos ascensionais
e
descensionais da troposfera. Na sequência,
é
preciso considerar que a Terra gira e que os elementos
em
jogo apresentam densidades diferentes,
e
dessa variável conseguiremos identificar os
ventos
constantes, bem como a formação dos desertos
e
das áreas úmidas.
Em
seguida, observamos que um imenso “acidente
cósmico”
(pensando na escala da Terra)
provocou
a formação da Lua e o deslocamento
de
nosso eixo de rotação, o que torna irregular a
distribuição
diária de energia solar, resultando nas
estações
do ano.
Por
fim, o conjunto de informações se sintetiza
no
formato de climogramas e, portanto, em um
dos fundamentos identificadores da identidade
dos lugares. Escolhidos para representar situações
climáticas de todos os continentes e sob condições
atmosféricas as mais diferentes, os climogramas,
sua observação e seus comentários terminam no
Brasil, num grande painel sobre os comportamentos
climáticos em nosso país.
Nos complementos encontramos uma sugestão
de pesquisa que trata da circulação dos corredores
de vento em áreas urbanas com o intuito de abordar
a importância da obtenção de dados e experimentos
no conhecimento científico. Há, ainda,
uma entrevista relacionada à formação de furacões
e, na parte de Cartografia, informações sobre algumas
manifestações cartográficas fora de nossa
sociedade ocidental.
Comentários
A
relação entre as dimensões locais e a dinâmica
do
clima está em evidência na proposta
desenvolvida
para esta unidade. O estudo da
circulação
e das variações atmosféricas compõe-
se
de um conjunto de teorias e métodos
da
Climatologia, assim como ocorre com a Geomorfologia
e
outras áreas que compõem o conhecimento
geográfico.
Assim, a “geografia da
atmosfera”
constitui um caminho para chegar a
algumas
conclusões e abrir espaço para outros
questionamentos.
A
abordagem a respeito dos fenômenos naturais
que
ocorrem na atmosfera precisa levar em consideração,
entre
outros aspectos, as interações
que
existem com outras camadas do planeta,
as
mudanças provocadas no globo, assim como
suas
consequências para a transformação da
paisagem
e do modo de vida das populações.
Alguns
recursos utilizados na compreensão dos
fenômenos
atmosféricos, como os climogramas
e
os modelos que explicam a circulação atmosférica
e
a influência do Sol sobre a Terra, que são
parte
do repertório da Climatologia, são utilizados
na
construção do discurso geográfico.
Sendo
assim, a “geografia da atmosfera” é, na
verdade,
uma forma de construir o diálogo entre
os
estudos dos fenômenos naturais relativos à
dinâmica
da atmosfera, suas interações e as repercussões
nas
outras camadas que compõem
o
sistema Terra (a hidrosfera, a biosfera e a geosfera),
assim
como no modo de vida humano.