quinta-feira, 31 de julho de 2014

Unidade 3 – A geografia da atmosfera

Apresentação da unidade

Da mesma maneira que na unidade anterior, deixamos
termos como “geomorfologia” e “climatologia”
para trás e identificamos a unidade pela expressão
“geografia da atmosfera”. As razões são, basicamente,
as mesmas: em primeiro lugar, porque, mesmo que
os fundamentos básicos para a compreensão da dinâmica
climática estejam evidenciados na maior parte
do conteúdo ali desenvolvido, o que se objetiva é
relacionar tais dinâmicas às suas dimensões locacionais,
isto é, procurando relacionar o significado do
clima com a identidade dos lugares.
Com esse objetivo em pauta, a dinâmica da unidade
segue a mesma fundamentação das anteriores:
a cada passo se busca construir algum tipo de conclusão
e, no passo seguinte, tal conclusão se torna
base para colocar em pauta novas variáveis, novas
informações e, portanto, construir novas conclusões.
O roteiro é relativamente simples: parte-se da noção
de que a esfericidade da Terra é determinante na
definição da distribuição da energia solar sobre a at-
mosfera, a hidrosfera e a litosfera e que o comportamento
das ondas luminosas não é o mesmo quando
em contato com cada um desses elementos. Assim se
explicam o aquecimento da atmosfera de baixo para
cima e, consequentemente, a formação dos centros
de baixa pressão e a presença das chuvas equatoriais.
O passo seguinte é identificar os centros de alta
pressão e a forma geral dos movimentos ascensionais
e descensionais da troposfera. Na sequência,
é preciso considerar que a Terra gira e que os elementos
em jogo apresentam densidades diferentes,
e dessa variável conseguiremos identificar os
ventos constantes, bem como a formação dos desertos
e das áreas úmidas.
Em seguida, observamos que um imenso “acidente
cósmico” (pensando na escala da Terra)
provocou a formação da Lua e o deslocamento
de nosso eixo de rotação, o que torna irregular a
distribuição diária de energia solar, resultando nas
estações do ano.
Por fim, o conjunto de informações se sintetiza
no formato de climogramas e, portanto, em um
dos fundamentos identificadores da identidade
dos lugares. Escolhidos para representar situações
climáticas de todos os continentes e sob condições
atmosféricas as mais diferentes, os climogramas,
sua observação e seus comentários terminam no
Brasil, num grande painel sobre os comportamentos
climáticos em nosso país.
Nos complementos encontramos uma sugestão
de pesquisa que trata da circulação dos corredores
de vento em áreas urbanas com o intuito de abordar
a importância da obtenção de dados e experimentos
no conhecimento científico. Há, ainda,
uma entrevista relacionada à formação de furacões
e, na parte de Cartografia, informações sobre algumas
manifestações cartográficas fora de nossa
sociedade ocidental.

Comentários

A relação entre as dimensões locais e a dinâmica
do clima está em evidência na proposta
desenvolvida para esta unidade. O estudo da
circulação e das variações atmosféricas compõe-
se de um conjunto de teorias e métodos
da Climatologia, assim como ocorre com a Geomorfologia
e outras áreas que compõem o conhecimento
geográfico. Assim, a “geografia da
atmosfera” constitui um caminho para chegar a
algumas conclusões e abrir espaço para outros
questionamentos.
A abordagem a respeito dos fenômenos naturais
que ocorrem na atmosfera precisa levar em consideração,
entre outros aspectos, as interações
que existem com outras camadas do planeta,
as mudanças provocadas no globo, assim como
suas consequências para a transformação da
paisagem e do modo de vida das populações.
Alguns recursos utilizados na compreensão dos
fenômenos atmosféricos, como os climogramas
e os modelos que explicam a circulação atmosférica
e a influência do Sol sobre a Terra, que são
parte do repertório da Climatologia, são utilizados
na construção do discurso geográfico.
Sendo assim, a “geografia da atmosfera” é, na
verdade, uma forma de construir o diálogo entre
os estudos dos fenômenos naturais relativos à
dinâmica da atmosfera, suas interações e as repercussões
nas outras camadas que compõem
o sistema Terra (a hidrosfera, a biosfera e a geosfera),

assim como no modo de vida humano.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Objetivos pedagógicos - A Geografia das Rochas

Tal como já comentamos na unidade anterior,
a ideia geral do livro é construir conceitos
tendo como ponto de partida algum nível
de observação dos fenômenos, para, a seguir,
colocar em discussão outras variáveis,
novos pontos de vista, novas informações;
obrigando, assim, que conceitos aparentemente
prontos tenham de ser complementados,
revisados, revisitados.
O percurso geral da Unidade 2 se inicia pela
constatação de que muitas são as ideias
relacionadas ao surgimento do planeta e se
encerra identificando a relação entre esse
tipo de conhecimento e a formação
territorial brasileira.
Com base nisso, os alunos podem desenvolver os seguintes objetivos.

Ordenar ideias

O percurso da unidade se faz pela
busca em colocar um grupo de informações
de cada vez e, subsequentemente,
aplicar tais informações
ao reconhecimento das dinâmicas
territoriais (ordenadoras e reordenadoras
das formas do mundo). Os
temas, dessa maneira, permitem que
um número cada vez maior de variáveis
seja colocado em discussão; ao
se buscar algum nível de conclusão,
todo o processo recomeça.

Reconhecer grandezas
muito desproporcionais à
escala humana

Um aspecto pedagógico próprio dessa
unidade é o fato de trabalhar com
temas cuja dinâmica exige milhares
e até milhões de anos para que
possa ser significativa. A formação
do Universo, do planeta, das rochas
e das camadas da Terra requer uma
ordem de grandeza que não se associa,
imediatamente, aos discursos
adolescentes, criando condições de
reflexão e amadurecimento por parte
de alunos nessa faixa de idade.
O mesmo se pode afirmar da magnitude
energética envolvida em cada
um dos processos, tais como no ciclo
das rochas, nos movimentos tectônicos
e na explosão de vulcões.
Estabelecer correlações
entre processos físicos
e sociais
Essa grande reflexão sobre ordens
de grandeza praticamente inimagináveis
por um jovem evidencia a dimensão
e o significado da presença
humana em relação a esses elementos
da natureza.
A unidade se dispõe a colocar tais
informações a serviço de se identificarem
seus imbricamentos com demandas
sociais; é quando atinge, do
ponto de vista pedagógico, seu ponto
mais importante, fundindo tempos e
lógicas diferentes na determinação
das paisagens contemporâneas e,

portanto, de nossas geografias.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Unidade 2 – A geografia das rochas



Apresentação da unidade

Antes de comentar os conteúdos disponibilizados
nesta unidade, vale atentarmos para seu título:
A geografia das rochas. Diferentemente das
divisões clássicas da Geografia – física, humana
e econômica –, esta obra procura desenvolver a
ideia de que, para cada tema a ser criado, haverá
uma geografia a conceber. Assim, se olharmos
para as rochas, veremos que apresentam uma dimensão
espacial, isto é, além de terem forma, estão
distribuídas desigualmente entre os lugares,
contribuindo, de alguma maneira, para que estes
tenham uma identidade.
Assim, o grande objetivo da unidade é identificar
a geografia das rochas, tendo como fundamento
a necessidade de desvendar os mecanismos
básicos que provocam sua desigual distribuição,
para, no processo, identificar onde se encontram
e, no final, reconhecer seu significado na constituição
das paisagens.
Dar conta de tal tarefa, considerando que estamos
oferecendo conteúdos a alunos que, no geral,
têm poucas informações sobre o assunto, exigiu
que percorrêssemos um longo caminho conceitual.
Num primeiro momento, procuramos identificar
a origem do interesse da maioria das civilizações
pelo surgimento do Universo e as dinâmicas
da Terra. Como sabemos, de uma maneira ou de
outra, todas as manifestações religiosas têm alguma
explicação para a existência do mundo, da humanidade
e dos céus. Esse foi o ponto de partida.
Procurando informar alguns dos pontos mais
importantes da história que nos permitiram entender
que a Terra não é o centro do Universo, o texto
propõe a teoria do Big-Bang como a mais aceita,
em nossos dias, pelos cientistas – mas com o cuidado
de colocar que, apesar de mais aceita, não
é a única. O embate em sala de aula com outras
leituras – sobretudo as que se fundamentam em
princípios religiosos – tem se mostrado infrutífero.
A intenção é colocar em evidência as leituras
que, efetivamente, existem no imaginário humano,
sendo todas elas passíveis de discussão.
Fechando o tema “surgimento do Universo”, a
formação da Terra toma um percurso muito semelhante,
no que se refere à estrutura do texto e à
maneira de apresentar o tema: é preciso reconhecer
que o assunto é polêmico.
Vale realçar a presença de um personagem relativamente
desconhecido pelos estudantes: William
Smith, considerado um dos pais da Geologia. Procuramos
evidenciar em toda a polêmica da época o
papel da Cartografia como sistematizadora de ideias
e fonte de mudanças importantes no comportamento
da pesquisa científica. Observe que Smith
tem uma tarefa específica (construir canais) e, a
partir dessa experiência, reflete sobre um processo
(a formação das rochas que ele precisava remover).
É com base nesses princípios que os conhecimentos
sobre o ciclo das rochas foram desenvolvidos e,
com o que sabemos sobre os processos de sedimentação,
metamorfização e as formações magmáticas,
acabamos ampliando nossas pesquisas sobre a distribuição
de minerais (e os meios de exploração) que
movimentam a economia de todo o planeta.
Na continuidade, temos um novo personagem:
Alfred Wegener. Mais uma vez se observa que conhecimentos
fundamentais para o mundo contemporâneo
foram elaborados sob profunda polêmica
e que, nesse caso, necessidades criadas pelo
desenvolvimento tecnológico da Segunda Guerra
Mundial acabaram localizando os elementos e os
processos que justificariam a teoria da deriva dos
continentes – resultando no que hoje denominamos
de teoria das placas tectônicas.
A unidade, no entanto, não termina na simples
constatação da existência das placas. O que se deseja
é que a descoberta desse fenômeno se torne eixo
central de explicações que envolvem a formação
das grandes expressões geológicas e geomorfológicas
contemporâneas.
Assim, e com base nas teorias e exemplos discutidos,
procuramos evidenciar as dinâmicas que definem
movimentos como vulcanismos, terremotos,
maremotos, tsunamis etc.
A última parte da unidade procura sistematizar
a relação entre as dinâmicas da crosta com a distribuição
territorial de minerais que interessam ao
modelo produtivo vigente. É nesse momento que
informações mais detalhadas são dadas sobre o
Brasil, no que se refere tanto às diferentes regiões
geológicas quanto à exploração mineral. Vale realçar
que, nesse caso, a relação entre mineração e
urbanização é uma dinâmica ainda hoje importante
na constituição geográfica brasileira.
Nos complementos, a seção Pausa para pesquisa
aborda alguns aspectos da trajetória que seguimos
desde as primeiras hipóteses sobre a estrutura
e a dinâmica interna do planeta até as recentes
descobertas.
Ainda nos complementos, há o depoimento da
geógrafa Adriana Furlan descrevendo seu fascínio
pelos vulcões. Vale realçar que ela nos apresenta
leitura muito diferente daquela que estamos acostumados
a observar nos meios de comunicação de
massa. O risco e o medo dão lugar a certo tipo de deslumbramento
que a move a viajar pelo mundo para
entrar em contato com as diferentes maneiras de
expressão de vulcanismos.
No complemento sobre cartografia, mapas antigos
tomam a página e se tornam o mote para mostrar
as origens mais longínquas dessa linguagem: é
o começo, de fato, dessa fascinante viagem.