quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Frases

Há revistas e livros que se propõem a coletar, colecionar e publicar frases de efeito. Conheço muitas e, na maioria, dizem muito pouco se colocadas contra si mesmas, mas dizem muito porque, na forma que estão construídas, estimulam a imaginação do leitor. Assim, cada um tira lá suas conclusões, procurando e geralmente conseguindo associar um escritor famoso com suas próprias maneiras de olhar o mundo.
Deve ser por isso que revistas e livros tão especializados, mesmo citando autores que, considerando o público típico de tais publicações, não teriam seus livros e artigos lidos e compartidos, tornam-nos familiares para públicos muito mais amplos que, pela primeira vez, terão acesso a alguma afirmação de homens como Aristóteles, Kant, Marx, Platão, Nietzsche, Hegel e tantos outros do mesmo calibre.
Coloco tais reflexões porque tenho, aqui e agora, uma frase minha publicada e fico tentando imaginar quantos serão os significados que ela terá, assim tão solitária, no imaginário de seus leitores. Bem... o certo é que as coisas escritas, mesmo que necessariamente tenham autores, cedo ou tarde já não lhes pertencerão.
Vai aí a frase e, se um dia, esse blog tão meu e para mim, tiver algum tipo de seguidor e, mais que isso (quem sabe?) que queira discutir tal frase, acho que vou saber algo sobre o resultado desses recortes e, então, poderei contar-lhe sob que condições ela foi escrita e o debate que ela esconde.
"Passar por um processo educativo significa confrontar o que se sabia com novos 'saberes', levando a mudanças que levam a novas necessidades de adaptação, a uma nova educação."

4 comentários:

  1. Douglas, gostei muito. Me fez lembrar de uma coisa que ouvi numa aula sua e que me chamou muita atenção. Num determidado momento de uma aula sua, você disse: "O papel da escola é nos fazer pertencer ao mundo ao qual vivemos." Para mim, imediatamente surgiu a seguinte reflexão: Pertencer ao mundo é ser agente transformador, participante, daí a noção de processo permanente que a Educação nos impõe, visto que ao mesmo tempo que se euduca, cria-se a necessidade de educar para o novo que está surgindo. Isso remete ao papel reacionário e ao mesmo tempo revolucionário que pertence ao processo da Educação.
    Entendi que a frase que postou, revela essa noção de processo e da contradição que esse processo guarda em si.
    Contudo, gostaria de apresentar um questão. Sempre converso sobre esse assunto com a Ariadne, e muitas vezes chegamos a conclusão que há uma confusão muito grande e muito perigosa sobre as mudanças que a educação está passando. As vezes nos parece haver uma negação de algumas práticas, simplesmente para querer de alguma forma chegar ao novo (mesmo sem saber onde se quer chegar). Comecei falando de uma confusão, pois entendo que o novo deve estar em relação aos propósitos de ensino, muito mais que simplismente em relação aos procedimentos. Você entendeu onde e quis chegar?

    Abraço!!!

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    1. Querido amigo,
      que bom receber teus comentários!!!!
      Creio que estás falando de todos os pedagogismos que nos perseguem nas discussões escolares....
      Bom... é preciso desmascará-lo
      abraços

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  2. Olá Douglas... boas lembranças... são longos anos desde as aulas da Fundação André, cursei de 1991 a 1994, e lendo agora esta questão que apresenta resolvi expressar meu entendimento.
    Nas aulas de Geografia da época da FSA lembro bem sua didática, que ao partir de um determinado tema ou análise desenvolvia-se sempre no sentido de nos apercebêssemos da lógica existente por detrás do aparente, de suas contradições e perspectivas de superação. Isto nada mais é que a dialética, o ensino do pensamento, da lógica dialética que rege as coisas e o mundo.

    "Passar por um processo educativo significa confrontar o que se sabia com novos 'saberes', levando a mudanças que levam a novas necessidades de adaptação, a uma nova educação."

    Ora, esta frase que postou é, em essência, o processo, a postura dialética que esta diante do educando e de forma mais ampla dos desafios da educação. O real é movimento, neste sentido os novos saberes adquiridos geram superações ao educando, que assim esta em novo patamar, nova realidade, mas isso também gera, engendra novas contradições que deverão ser superadas e que novamente assim sucessivamente, ad infinitum.
    Enfim, sua frase é a síntese de militância como educador, é seu olhar, sua perspectiva e sua aula de cada dia.

    Abraços

    José Aparecido Krichinak

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  3. Não posso negar: sob vários aspectos teu comentário foi uma surpresa para mim. Postei esse texto em janeiro de 2012 e, apostando na velocidade como nossas opiniões desaparecem na internet, não imaginei que alguém ainda se dispusesse a lê-lo e, segunda surpresa, um ex aluno da Fundação Santo André. Bem... que posso dizer? Acho que tudo isso está querendo me dizer que devo voltar ao blog, postar textos mais densos que as frases rápidas e dissolvidas com as quais tenho tentado provocar o debate no interior do Facebook... Por vezes de forma muito frustrante.
    Bem... obrigado por teus comentários. Um abraço

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