segunda-feira, 23 de junho de 2014

Ensinar e aprender Geografia na escola

Caros amigos, finalmente o processo de avaliação dos livros para o PNLD 2015 chegou ao fim. Recebi no dia 13 pp.  a informação de que a coleção "Geografia das Redes" foi aprovada e, portanto, a partir deste ano estará disponível para a rede pública. Assim, um velho projeto de colocar a obra sob o crivo da discussão pública poderá se tornar realidade. Dessa maneira, paulatinamente vou publicar neste blog o "Manual do Professor" abrindo a possibilidade para que os leitores coloquem dúvidas, façam comentários, teçam suas críticas, façam suas sugestões. Para tanto poderemos usar o próprio blog, a minha página no facebook (Douglas Santos - Geografia) ou no google+ (Douglas Santos)


Por que ensinar Geografia no Ensino Médio?

A resposta para a pergunta é aparentemente
simples e serve para todos os níveis e modalidades
de ensino: o objetivo de ensinar Geografia é
oferecer a nossos alunos a possibilidade de desenvolver
suas capacidades de localização, isto é,
de encontrar respostas coerentes para a pergunta:
“Onde estou?”.
Acontece que responder a essa pergunta não é
tarefa das mais fáceis.
Assim como sei que estou ao mesmo tempo
no planeta Terra, por isso mesmo, no interior do
Sistema Solar e, por decorrência, no Universo –
respostas que servem para todos os seres humanos
e, igualmente, para todos os elementos que
compõem conosco o planeta em que vivemos –,
sei também que estou no Brasil, em um de seus
estados e em um município.
Acontece que, quando ampliamos a escala
de observação, alguns ajustes devem ser feitos:
posso estar em casa descansando ou posso estar
na rua e, na segunda opção, posso estar me
dirigindo ao trabalho ou simplesmente me dirigindo
para a casa de amigos, posso ainda estar
no interior de um automóvel, de um ônibus ou
trem de metrô, mas nada impede que esteja a pé
ou sobre uma bicicleta. Assim, em todas essas
condições, poderei identificar coordenadas matemáticas
que digam em que ponto do planeta
me encontro; contudo, tais coordenadas não poderão
me dizer nada sobre o lugar que ocupo
nas relações que estou vivendo: como pai, como
professor, como amigo, como pesquisador, e assim
por diante.
A localização geográfica é um exercício que
exige a relação constante de condições qualitativas
e quantitativas, porque, no final das contas,
de nada serve saber a latitude e a longitude de um
fenômeno se não soubermos qual é o significado
de ele estar onde está, assim como não resolve posicionar
o papel deste ou daquele elemento dentro
de um processo se não conseguirmos encontrá-lo
em algum ponto do Universo.
Para que eu possa saber onde estou, preciso
saber igualmente onde se encontram os objetos
e processos que interferem em minha vida e, por
isso mesmo, preciso saber que eles existem, que
nomes têm, que funcionam de dada maneira e,
por fim, o que eles têm a ver comigo. É no interior
dessas relações que a geografia de cada um de nós
pode fazer sentido. Lembremos, por exemplo,
que muitos de nossos alunos adoram sentar-se em
nossas cadeiras, mas isso não os faz professores.
Da mesma maneira, quando queremos que eles se
dirijam para a frente da sala de aula e exponham
o que sabem sobre algum assunto, o fato de sentarmos
em uma das carteiras disponíveis não nos
torna alunos.
Reconhecer-se em algum lugar é, sempre, reconhecer
nossa localização no interior de um processo.
Acontece que, ainda usando o exemplo da
sala de aula, não basta saber que somos professores
de determinado ano, em determinada escola,
se não comparecemos para ministrar nossas aulas:
a localização, que nos dá a possibilidade de
construir uma identidade diante de um grupo de
alunos e de uma instituição como a escola, ficará
vazia de significados.



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5 comentários:

  1. Boooa garoooto!!! Você merece, meus parabéns!!! Um abração

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    1. Oi querido! Agora é preciso colocar a proposta toda na roda do debate. Abraços. Obrigado.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. O fato do aluno sentar -se na cadeira do professor não o torna semelhante na condição , assim como as coordenadas geográficas não tornam a localização absoluta.

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    1. Bem..., a idéia é simples e muito antiga: se é possível compreendermos que a geometria se desdobrou da geografia, não é possível reduzir a geografia à geometria e, portanto, a discussão sobre localização aos limites das coordenadas e das bússolas. Abraços e obrigado por participar da conversa.

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