quarta-feira, 23 de julho de 2014

Unidade 2 – A geografia das rochas



Apresentação da unidade

Antes de comentar os conteúdos disponibilizados
nesta unidade, vale atentarmos para seu título:
A geografia das rochas. Diferentemente das
divisões clássicas da Geografia – física, humana
e econômica –, esta obra procura desenvolver a
ideia de que, para cada tema a ser criado, haverá
uma geografia a conceber. Assim, se olharmos
para as rochas, veremos que apresentam uma dimensão
espacial, isto é, além de terem forma, estão
distribuídas desigualmente entre os lugares,
contribuindo, de alguma maneira, para que estes
tenham uma identidade.
Assim, o grande objetivo da unidade é identificar
a geografia das rochas, tendo como fundamento
a necessidade de desvendar os mecanismos
básicos que provocam sua desigual distribuição,
para, no processo, identificar onde se encontram
e, no final, reconhecer seu significado na constituição
das paisagens.
Dar conta de tal tarefa, considerando que estamos
oferecendo conteúdos a alunos que, no geral,
têm poucas informações sobre o assunto, exigiu
que percorrêssemos um longo caminho conceitual.
Num primeiro momento, procuramos identificar
a origem do interesse da maioria das civilizações
pelo surgimento do Universo e as dinâmicas
da Terra. Como sabemos, de uma maneira ou de
outra, todas as manifestações religiosas têm alguma
explicação para a existência do mundo, da humanidade
e dos céus. Esse foi o ponto de partida.
Procurando informar alguns dos pontos mais
importantes da história que nos permitiram entender
que a Terra não é o centro do Universo, o texto
propõe a teoria do Big-Bang como a mais aceita,
em nossos dias, pelos cientistas – mas com o cuidado
de colocar que, apesar de mais aceita, não
é a única. O embate em sala de aula com outras
leituras – sobretudo as que se fundamentam em
princípios religiosos – tem se mostrado infrutífero.
A intenção é colocar em evidência as leituras
que, efetivamente, existem no imaginário humano,
sendo todas elas passíveis de discussão.
Fechando o tema “surgimento do Universo”, a
formação da Terra toma um percurso muito semelhante,
no que se refere à estrutura do texto e à
maneira de apresentar o tema: é preciso reconhecer
que o assunto é polêmico.
Vale realçar a presença de um personagem relativamente
desconhecido pelos estudantes: William
Smith, considerado um dos pais da Geologia. Procuramos
evidenciar em toda a polêmica da época o
papel da Cartografia como sistematizadora de ideias
e fonte de mudanças importantes no comportamento
da pesquisa científica. Observe que Smith
tem uma tarefa específica (construir canais) e, a
partir dessa experiência, reflete sobre um processo
(a formação das rochas que ele precisava remover).
É com base nesses princípios que os conhecimentos
sobre o ciclo das rochas foram desenvolvidos e,
com o que sabemos sobre os processos de sedimentação,
metamorfização e as formações magmáticas,
acabamos ampliando nossas pesquisas sobre a distribuição
de minerais (e os meios de exploração) que
movimentam a economia de todo o planeta.
Na continuidade, temos um novo personagem:
Alfred Wegener. Mais uma vez se observa que conhecimentos
fundamentais para o mundo contemporâneo
foram elaborados sob profunda polêmica
e que, nesse caso, necessidades criadas pelo
desenvolvimento tecnológico da Segunda Guerra
Mundial acabaram localizando os elementos e os
processos que justificariam a teoria da deriva dos
continentes – resultando no que hoje denominamos
de teoria das placas tectônicas.
A unidade, no entanto, não termina na simples
constatação da existência das placas. O que se deseja
é que a descoberta desse fenômeno se torne eixo
central de explicações que envolvem a formação
das grandes expressões geológicas e geomorfológicas
contemporâneas.
Assim, e com base nas teorias e exemplos discutidos,
procuramos evidenciar as dinâmicas que definem
movimentos como vulcanismos, terremotos,
maremotos, tsunamis etc.
A última parte da unidade procura sistematizar
a relação entre as dinâmicas da crosta com a distribuição
territorial de minerais que interessam ao
modelo produtivo vigente. É nesse momento que
informações mais detalhadas são dadas sobre o
Brasil, no que se refere tanto às diferentes regiões
geológicas quanto à exploração mineral. Vale realçar
que, nesse caso, a relação entre mineração e
urbanização é uma dinâmica ainda hoje importante
na constituição geográfica brasileira.
Nos complementos, a seção Pausa para pesquisa
aborda alguns aspectos da trajetória que seguimos
desde as primeiras hipóteses sobre a estrutura
e a dinâmica interna do planeta até as recentes
descobertas.
Ainda nos complementos, há o depoimento da
geógrafa Adriana Furlan descrevendo seu fascínio
pelos vulcões. Vale realçar que ela nos apresenta
leitura muito diferente daquela que estamos acostumados
a observar nos meios de comunicação de
massa. O risco e o medo dão lugar a certo tipo de deslumbramento
que a move a viajar pelo mundo para
entrar em contato com as diferentes maneiras de
expressão de vulcanismos.
No complemento sobre cartografia, mapas antigos
tomam a página e se tornam o mote para mostrar
as origens mais longínquas dessa linguagem: é
o começo, de fato, dessa fascinante viagem.


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