quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Culpados, Inocentes ou nenhuma das anteriores?

Tenho acompanhado o, ao que parece, mais novo embate da PUC-SP: a tentativa de expulsão de professores do curso de Filosofia acusados que estão de terem estimulado alunos a assistirem a uma peça de teatro no chamado Pátio da Cruz, lembrando que tal peça fazia parte das manifestações do processo de greve que, à época, procuravam responder ao processo que, até os dias de hoje, garantem a permanência no comando direto da instituição da candidata última colocada nas eleições.
Vamos ver o que falta aqui e que não será colocado: o nome dos professores, o nome do diretor da peça de teatro, o nome da reitora: nada disso, em relação a este assunto, chega a fazer diferença e, imagino, não será difícil demonstrar tal proposição. A pergunta é: é crime professores convidarem alunos a assistirem uma peça de teatro no interior de um Campus Universitário? Seriam os alunos menores de 18 anos e, portanto, suscetíveis de serem expostos a cenas sobre as quais não estão juridicamente capazes de assumir consequências? Considerando a idade com que alunos entram num curso superior, infere-se que não é esta a questão. Então, qual é a questão? Simplesmente o desconhecimento por parte dos gestores de plantão, do fato de que tal manifestação não pode ser considerada um crime. Não importa, de fato, se em tal peça teatral o papa ou o seja lá quem for tenha sido decapitado: é uma peça de teatro e, portanto, a simples manifestação de uma alegoria. Por fim, desconhecemos qualquer boletim policial com denúncias feitas por alunos de que foram coagidos física e/ou moralmente a assistirem a peça. Ponto. A questão é essa: os administradores devem, imediatamente, suspender, fechar, apagar da memória de nossa universidade a presença ou existência de tal comissão sindicante ou, rapidamente, começaremos a assistir a queima de livros "subversivos" e, mais à frente, estaremos com bedéis acompanhando nossas aulas e vigiando a nossa liberdade de pensar, pesquisar, propor, inferir, refletir, questionar…. ou, em outras palavras, viver e fazer existir a Universidade como Universidade. Assim, não importa aqui quem são os professores porque eles não podem ser criminosos ou inocentes em relação a um ato onde não há qualquer crime; no mesmo diapasão, não se pode imaginar que este ou aquele diretor teatral possa ser condenado simplesmente por expor a sua arte e, por fim, acreditando que a Universidade é mais que sua Reitora, o melhor é não nomeá-la, para que recordemos de que ainda temos nossos alunos, nossos professores, nossos órgãos colegiados. Abusando das imagens repito aqui o disse na reunião do departamento de geografia: é preciso que todos saibam que, mesmo respirando por aparelhos, ainda estamos vivos.

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