terça-feira, 19 de agosto de 2014

Volume 3 - Apresentação do volume


Rio de ladeiras
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma nação
Chico Buarque, Estação derradeira

Quando temos dificuldades de apresentar um
assunto, devemos recorrer aos poetas, por
isso, nesse terceiro volume, recorro a Chico
Buarque mais uma vez. Este é um livro
sobre identidades e conflitos. Nele,
procuramos tratar das diferentes maneiras
pelas quais pessoas de diversos lugares do
mundo se expressam na contemporaneidade,
ou seja, como elas lutam para fazer,
dignamente, parte da sociedade e, nas condições
atuais, montam redes de relações intrincadas,
quase incompreensíveis, planetárias, carregadas de
tantos fluxos que, em sua maior parte,
tornam-se imperceptíveis para olhos não treinados.
Assim, fui atrás de um poema sobre os lugares,
suas identidades e conflitos. Considerei os versos
de Chico Buarque: “o Rio de Janeiro com suas
encruzilhadas, onde cada ribanceira é uma
nação”. O poeta fez assim o mapa de sua
cidade e é nesse espírito que o Volume 3
desta coleção deve ser compreendido.
Neste volume, iniciamos os estudos com a
ONU e terminamos fazendo referência ao
Fórum Social Mundial e a seus insistentes
apelos para que acreditemos que outro mundo
é possível. Em meio a tudo isso, há guerras,
conflitos pela água, embates em torno do que
tem sido apontado como aquecimento global –
tensões gestadas por países, governos e
acordos multilaterais, que resultam em
fronteiras que desaparecem para que outras
surjam e assim mudam o mapa do mundo.
A ideia geral é situar o jovem no centro de
algumas das principais polêmicas do mundo
contemporâneo, exercitando as possibilidades
sintéticas e analíticas próprias do discurso geográfico.
Portanto, nosso objetivo é levar o aluno a
refletir sobre a possibilidade de tomar posições
em relação ao que acontece no mundo sem que
sejamos nós a definir, a princípio, que tipo de
posição é a mais correta.
O fundamental, nesse caso, é que eles dominem
informações, relacionem fatos, sistematizem
dados e, por fim, construam um discurso com base
nos fundamentos topológicos de que a ciência
geográfica dispõe.
Diferentemente do Volume 1, o objetivo é mais
complexo que o reconhecimento dos processos e
da interdeterminação que os define. Diferentemente
do Volume 2 também, agora temos de ampliar o
uso das linguagens (principalmente a cartográfica)
– o exercício central vai além do reconhecimento
das informações para atingir a articulação entre o
processo e seus registros.
Trata-se, portanto, de um volume cujo objetivo
explícito é encerrar um ciclo. Poucas são as
respostas fechadas, muitas são as possibilidades:
é esse o entendimento que assumimos para definir
a experiência intelectual necessária à passagem
para a vida adulta. É fundamental lembrarmos
que o Ensino Médio, para muitos, tem o

efetivo caráter de término.

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