Rio de ladeiras
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma nação
Chico Buarque, Estação derradeira
Quando
temos dificuldades de apresentar um
assunto,
devemos recorrer aos poetas, por
isso,
nesse terceiro volume, recorro a Chico
Buarque
mais uma vez. Este é um livro
sobre
identidades e conflitos. Nele,
procuramos
tratar das diferentes maneiras
pelas
quais pessoas de diversos lugares do
mundo
se expressam na contemporaneidade,
ou
seja, como elas lutam para fazer,
dignamente,
parte da sociedade e, nas condições
atuais,
montam redes de relações intrincadas,
quase
incompreensíveis, planetárias, carregadas de
tantos
fluxos que, em sua maior parte,
tornam-se
imperceptíveis para olhos não treinados.
Assim,
fui atrás de um poema sobre os lugares,
suas
identidades e conflitos. Considerei os versos
de
Chico Buarque: “o Rio de Janeiro com suas
encruzilhadas,
onde cada ribanceira é uma
nação”.
O poeta fez assim o mapa de sua
cidade
e é nesse espírito que o Volume 3
desta
coleção deve ser compreendido.
Neste
volume, iniciamos os estudos com a
ONU
e terminamos fazendo referência ao
Fórum
Social Mundial e a seus insistentes
apelos
para que acreditemos que outro mundo
é
possível. Em meio a tudo isso, há guerras,
conflitos
pela água, embates em torno do que
tem
sido apontado como aquecimento global –
tensões
gestadas por países, governos e
acordos
multilaterais, que resultam em
fronteiras
que desaparecem para que outras
surjam
e assim mudam o mapa do mundo.
A
ideia geral é situar o jovem no centro de
algumas
das principais polêmicas do mundo
contemporâneo,
exercitando as possibilidades
sintéticas
e analíticas próprias do discurso geográfico.
Portanto,
nosso objetivo é levar o aluno a
refletir
sobre a possibilidade de tomar posições
em
relação ao que acontece no mundo sem que
sejamos
nós a definir, a princípio, que tipo de
posição
é a mais correta.
O
fundamental, nesse caso, é que eles dominem
informações,
relacionem fatos, sistematizem
dados
e, por fim, construam um discurso com base
nos
fundamentos topológicos de que a ciência
geográfica
dispõe.
Diferentemente
do Volume 1, o objetivo é mais
complexo
que o reconhecimento dos processos e
da
interdeterminação que os define. Diferentemente
do
Volume 2 também, agora temos de ampliar o
uso
das linguagens (principalmente a cartográfica)
–
o exercício central vai além do reconhecimento
das
informações para atingir a articulação entre o
processo
e seus registros.
Trata-se,
portanto, de um volume cujo objetivo
explícito
é encerrar um ciclo. Poucas são as
respostas
fechadas, muitas são as possibilidades:
é
esse o entendimento que assumimos para definir
a
experiência intelectual necessária à passagem
para
a vida adulta. É fundamental lembrarmos
que
o Ensino Médio, para muitos, tem o
efetivo
caráter de término.
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