segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Unidade 1 – Em nome da humanidade


No primeiro capítulo, o objetivo é colocar o educando
frente a um amplo conjunto de contradições.
Assim, apresentamos uma das mais importantes
organizações internacionais que, constituída para
conquistar a paz, está muito distante dessa proeza;
que afirma reunir nações, mas reúne Estados; e que,
signatária da carta dos Direitos Humanos, vive mergulhada
em situações profundamente contraditórias.
Ao apresentar a ONU, nossa intenção é mostrar os
fundamentos da geografia política do mundo, tema
central deste último volume da coleção. É importante
considerar ainda que, independentemente de toda
realidade ser repleta de contradições, a escolha desta
abordagem tem fundamentos de caráter pedagógico:
trabalhamos com jovens com idade entre 17 e 20
anos buscando caminhos de amadurecimento e pertencimento
à vida adulta; nesse contexto, eles têm
de enfrentar individual e coletivamente suas próprias
contradições. Discutir o mundo pelo viés de seus
conflitos é, no nosso entender, tornar a Geografia
uma disciplina que coparticipa do processo de amadurecimento
geral – e, portanto, também cognitivo e
emocional – dos alunos.
Mais que a simples apresentação da entidade
com seu organograma, começamos pelos questionamentos
relativamente comuns que a presença do
Brasil no Haiti e seus desdobramentos suscitam. O
ponto principal de toda a discussão é, na verdade,
a continuação do Volume 2, no qual a relação entre
Estado e nação é analisada e compreendida; isso
permite reconhecer as possibilidades e os limites
inerentes a organismos multilaterais como a ONU.
Assim, pode-se afirmar que a passagem do segundo
volume para o terceiro é, ao mesmo tempo, um
salto escalar: a discussão sobre Estado e nação tomou
a forma da reunião entre estados em nome do multi
ou plurinacionalismo. Na sequência, os conteúdos
variam de continente, escala e articulação conceitual.
Em primeiro lugar, evidenciamos a União Europeia,
seus fundamentos e objetivos e o delicado equilíbrio
entre soberania e socialização do poder.
Um dos pontos mais complexos do texto, no
entanto, são as articulações no continente asiático.
A noção que envolve o avanço do Império Russo e
dos impérios da Europa Ocidental, que criou dilemas
culturais e políticos que se conservam até os
nossos dias, é o tema principal debatido, principalmente
porque aos alunos faltam informação e
alguma unidade conceitual para organizar o que é
possível obter por ferramentas como a internet, a
imprensa e as enciclopédias.
África e Oceania, com suas articulações multilaterais,
também são assunto desta unidade. Vale
realçar que o continente africano tem sido alvo
de diferentes abordagens em todos os volumes e
agora, mais uma vez, serviu de álibi para se discutir
a tensa relação entre identidades nacionais
e a constituição de Estados. O pano de fundo são
as diferentes articulações políticas que se realizam
na África (no formato de ordenações tribais) e em
grande parte das ilhas que compõem a Oceania.
A seção Pausa para pesquisa apresenta dois interessantes
trabalhos artísticos – são mapas mentais
nos quais, de forma bastante irônica, revelam-se as
visões preconceituosas que temos das culturas distantes
de nós. Na seção Outros olhares, reproduzimos
uma entrevista com uma jovem geógrafa que
visita a China, na qual demonstra perplexidade pela
experiência de viver em mundos tão semelhantes e,
ao mesmo tempo, tão diferentes do nosso.
Em Preste atenção nos mapas, contamos a
história de um médico inglês que, ao cartografar
as fontes de água da cidade, conseguiu causar uma
verdadeira revolução na maneira como se entendia
a disseminação de doenças infectocontagiosas
e nas ferramentas de planejamento que devem ser
usadas para criação e aplicação de políticas públicas
na área da saúde.

Objetivos pedagógicos

O propósito específico da primeira unidade
desse volume é oferecer aos alunos a oportunidade de
desenvolver o objetivo descrito a seguir.

Relacionar informações com processos

Ainda que os países estejam agregados em uma entidade internacional cujo objetivo
geral é a conquista da paz, isso não significa que realizem de fato os compromissos
assumidos, principalmente no que se refere à Declaração Universal dos Direitos Humanos .
Assim, informações aparentemente contraditórias são fornecidas para levar o
aluno a construir conceitos fundamentados na dinâmica do fenômeno, e não na simples
aparência.



Nenhum comentário:

Postar um comentário