No primeiro capítulo, o objetivo é colocar o educando
frente a um amplo conjunto de contradições.
Assim, apresentamos uma das mais importantes
organizações internacionais que, constituída para
conquistar a paz, está muito distante dessa proeza;
que afirma reunir nações, mas reúne Estados; e que,
signatária da carta dos Direitos Humanos, vive mergulhada
em situações profundamente contraditórias.
Ao apresentar a ONU, nossa intenção é mostrar os
fundamentos da geografia política do mundo, tema
central deste último volume da coleção. É importante
considerar ainda que, independentemente de toda
realidade ser repleta de contradições, a escolha desta
abordagem tem fundamentos de caráter pedagógico:
trabalhamos com jovens com idade entre 17 e 20
anos buscando caminhos de amadurecimento e pertencimento
à vida adulta; nesse contexto, eles têm
de enfrentar individual e coletivamente suas próprias
contradições. Discutir o mundo pelo viés de seus
conflitos é, no nosso entender, tornar a Geografia
uma disciplina que coparticipa do processo de amadurecimento
geral – e, portanto, também cognitivo e
emocional – dos alunos.
Mais que a simples apresentação da entidade
com seu organograma, começamos pelos questionamentos
relativamente comuns que a presença do
Brasil no Haiti e seus desdobramentos suscitam. O
ponto principal de toda a discussão é, na verdade,
a
continuação do Volume 2, no qual a relação entre
Estado
e nação é analisada e compreendida; isso
permite
reconhecer as possibilidades e os limites
inerentes
a organismos multilaterais como a ONU.
Assim,
pode-se afirmar que a passagem do segundo
volume
para o terceiro é, ao mesmo tempo, um
salto
escalar: a discussão sobre Estado e nação tomou
a
forma da reunião entre estados em nome do multi
ou
plurinacionalismo. Na sequência, os conteúdos
variam
de continente, escala e articulação conceitual.
Em
primeiro lugar, evidenciamos a União Europeia,
seus
fundamentos e objetivos e o delicado equilíbrio
entre
soberania e socialização do poder.
Um
dos pontos mais complexos do texto, no
entanto,
são as articulações no continente asiático.
A
noção que envolve o avanço do Império Russo e
dos
impérios da Europa Ocidental, que criou dilemas
culturais
e políticos que se conservam até os
nossos
dias, é o tema principal debatido, principalmente
porque
aos alunos faltam informação e
alguma
unidade conceitual para organizar o que é
possível
obter por ferramentas como a internet, a
imprensa
e as enciclopédias.
África
e Oceania, com suas articulações multilaterais,
também
são assunto desta unidade. Vale
realçar
que o continente africano tem sido alvo
de
diferentes abordagens em todos os volumes e
agora,
mais uma vez, serviu de álibi para se discutir
a
tensa relação entre identidades nacionais
e
a constituição de Estados. O pano de fundo são
as
diferentes articulações políticas que se realizam
na
África (no formato de ordenações tribais) e em
grande
parte das ilhas que compõem a Oceania.
A
seção Pausa para pesquisa apresenta dois interessantes
trabalhos
artísticos – são mapas mentais
nos
quais, de forma bastante irônica, revelam-se as
visões
preconceituosas que temos das culturas distantes
de
nós. Na seção Outros olhares, reproduzimos
uma
entrevista com uma jovem geógrafa que
visita
a China, na qual demonstra perplexidade pela
experiência
de viver em mundos tão semelhantes e,
ao
mesmo tempo, tão diferentes do nosso.
Em
Preste atenção nos mapas, contamos a
história
de um médico inglês que, ao cartografar
as
fontes de água da cidade, conseguiu causar uma
verdadeira
revolução na maneira como se entendia
a
disseminação de doenças infectocontagiosas
e
nas ferramentas de planejamento que devem ser
usadas
para criação e aplicação de políticas públicas
na
área da saúde.
Objetivos
pedagógicos
O propósito específico da primeira unidade
desse volume é oferecer aos alunos a oportunidade de
desenvolver o objetivo descrito a seguir.
Relacionar informações
com processos
Ainda que os países estejam agregados em uma entidade
internacional cujo objetivo
geral é a conquista da paz, isso não significa que realizem de
fato os compromissos
assumidos, principalmente no que se refere à Declaração Universal
dos Direitos Humanos .
Assim, informações aparentemente contraditórias são fornecidas
para levar o
aluno a construir conceitos fundamentados na dinâmica do fenômeno,
e não na simples
aparência.
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