quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Volume 2 Unidade 3 – Olhar de longe e olhar de perto


Apresentação da unidade

Na terceira unidade, a noção de escala é assumida
como condição metodológica para a compreensão
da “geograficidade” do mundo.
Colocamos em evidência as diferentes maneiras
que temos de olhar o mundo e o fato de que, dependendo
das referências que usamos, as opiniões que
acabamos construindo podem ser muito diferentes
das de outras pessoas – independentemente de o
mundo ser apenas um. Mais do que provocar simples
divergências de opinião, a falta de informação
nos leva a ter profundos preconceitos e, pelo fato
de eles falsearem profundamente a realidade, impedem-
nos de tomar decisões sensatas em relação
à diversidade de situações que compõem o mundo.
Ver o mundo em diferentes escalas exige a
obtenção do máximo de informações possível e
o desenvolvimento de uma maneira de organizar
tanto as informações como nosso distanciamento
delas. É por isso que precisamos, sempre, estudar...
Olhar de longe e olhar de perto requer um esforço
de ordem teórico-metodológica de apropriação
das duas dimensões básicas que envolvem a compreensão
do significado de escala.
O primeiro aspecto, aparentemente mais clássico,
envolve a apropriação de recursos de ordem
matemática para se ajustar o olhar. A ideia de estar
próximo, vendo detalhes, ou longe, vendo a generalidade,
acaba sendo sistematizada quando observamos
um conjunto de mapas nos quais tudo,
da fábrica de automóveis ao asfaltamento de ruas,
pode ser compreendido apenas se suas diversas dimensões
forem articuladas.
O segundo, de caráter aparentemente mais subjetivo,
procura desvendar a dimensão escalar como
um posicionamento ideológico dos sujeitos e que,
portanto, deve levar em consideração a escala de
interesses de cada um de nós. É justamente aí que
o olhar de perto e o olhar de longe se fundem –
essa fusão é uma das condições para a superação de
nossos preconceitos (olhares) a respeito do mundo.
Os exemplos se multiplicam para preparar o
caminho que nos possibilitará identificar os preconceitos
embutidos no próprio vocabulário de
que dispomos para falar do mundo – o objetivo
dessa discussão é levar o aluno a se preocupar
com o significado daquilo que diz, escreve, pensa
e, portanto, imagina que sabe. Assim, categorias
como Oriente, Ocidente, civilização ocidental e
oriental, Norte, Sul ou, mesmo, a noção de PIB per
capita vão sendo evidenciadas para que se possa
discutir a ambiguidade de seus significados.
Na continuidade, algumas das inferências e proposições
que foram sendo repetidas em todos os
capítulos anteriores adquirem caráter mais explícito:
a relação entre o processo de apropriação humana
do planeta e a definição das geografias construídas a
partir daí. A ideia é, com exemplos como as diferenças
linguísticas, identificar a distribuição territorial
das identidades culturais e, na busca de alguns parâmetros
de compreensão, evidenciar, partindo de suas
origens no continente africano, o movimento geral
de humanização da natureza.
O tema que se iniciou com a diversidade linguística
se aprofundará na diversidade religiosa.
A escolha é mais que proposital: nos debates contemporâneos,
as identidades religiosas e raciais
têm se tornado fonte inesgotável de justificativas
para a guerra e para a proliferação de discursos,
que propõem, e alguns até preveem, o fim das civilizações
tal como as conhecemos.
Depois de observarmos que a humanidade
surgiu na África, que, ao espalhar-se pelo planeta,
foi construindo diferentes culturas e que, enquanto
transformava o mundo, também se adaptava
a diferentes ambientes, o passo seguinte é reconhecer
o movimento, iniciado com a expansão
mercantil e o colonialismo global, de reunificação
da humanidade sob relações sociais relativamente
semelhantes. Trata-se, de fato, de um esforço distante
do fim, mas que tem se realizado – às vezes
em nome do progresso e da civilização, às vezes,
em nome de ideais religiosos – em meio a muita
violência e preconceitos.
A unidade termina discutindo os preconceitos
mais evidentes no cotidiano do Brasil. Seus sujeitos
são evidenciados em razão das identidades que
constroem para si mesmos, isto é, da maneira pela
qual indígenas, brancos, negros, mulheres, homossexuais
e tantos outros falam de si mesmos.
A seção Pausa para pesquisa aborda a questão
da escala por meio de um longa-metragem, Babel,
de Alejandro Iñarritu. Na seção Outros olhares, reproduzimos
a entrevista que fizemos com um casal
(ela brasileira e ele alemão) que resolveu conhecer a
Índia. Trata-se de um diálogo leve e carregado de
subjetividades, que achamos importante publicar
na intenção de que os alunos reflitam sobre várias
sensações, como medos e deslumbramentos ante
o desconhecido.
Em Preste atenção nos mapas, procuramos
mostrar que o desenvolvimento do conhecimento é
uma fusão entre a sistematização e a aplicação técnica,
associadas à experiência e ao enfrentamento
dos desafios. Assim é que os mapas foram se tornando
cada vez mais parecidos com aqueles que
hoje povoam nossa imaginação.

Objetivos pedagógicos
Se, do ponto de vista temático, esta unidade se mostra
“divisora de águas” em relação às anteriores, do ponto
de vista pedagógico, ela é pura continuidade.
Seus principais objetivos são:


Relacionar fundamentos
geográficos e de linguagem

As ideias centrais permanecem e, portanto, o que se explicita
é a relação entre localização e significado (o fundamento
geográfico) e a relação entre cartografia e sistematização
(o fundamento linguístico).

Abordar os fenômenos em escala

A dimensão escalar, típica do discurso geográfico, foi destacada
para que os exercícios alfabetizadores pudessem
continuar. A noção de preconceito foi tematizada para

que o jogo de significações desse consistência ao processo

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