quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Unidade 3 – Viver na Interface

Apresentação da unidade

Escolhemos, para esta unidade, dois temas
centrais, ordenados de acordo com uma categoria-
-chave para as discussões ambientais: a interface.
Fundamentados no pressuposto de que a diferença
entre os elementos que compõem a natureza é
o motor fundamental para o movimento e que os
contatos entre atmosfera, biosfera, litosfera e hidrosfera
definem os acontecimentos relacionados
aos ecossistemas (direta e definitivamente), os embates
em torno da água e do aquecimento global
são colocados em pauta por meio da construção
da noção de interface.
É importante destacar que o texto, ao tratar da
noção de interface, não deixa de lado o conjunto
de ações genericamente identificadas como antrópicas.
Realçar o conjunto de interferências econômicas,
políticas e culturais que constituem essa interface
torna a discussão um ponto de apoio para
colocar em evidência o que a tradição geográfica
tem chamado de “modos de vida”.
Ao iniciar com informações sobre os debates
que envolvem a leitura catastrofista do
aumento populacional em relação à disponibilidade
de água, e assumindo o posicionamento
do relatório da ONU sobre o assunto
(que aponta o problema da água como
de ordem econômica e social), o texto evidencia
as contradições da prática (o caso do
Lago do Chade, por exemplo) e dos discursos
(no caso da disponibilização de redes
de esgoto no Brasil).
Em seguida, estimulamos o debate sobre as
mudanças climáticas dando voz aos que querem o
controle total sobre a emissão de gases do efeito estufa,
aos que afirmam que tais gases são irrelevantes,
aos que procuram garantir o direito de poluir e, por
fim, aos países que não querem, em nome do meio
ambiente, ver colocada em risco sua capacidade
de desenvolvimento no atual modelo econômico.
Ainda sobre esse tema, questionamos o desmatamento
no mundo e no Brasil, associando o fato
de que a destruição das florestas está diretamente
relacionada às tentativas de destruir um modo de
vida para a implantação de outro.
Nos complementos, a seção Pausa para pesquisa
aborda um exemplo de limite fronteiriço
definido por cursos-d’água. Em Outros olhares,
reproduzimos uma entrevista com o professor
Aziz Ab’Sáber, na qual ele avalia o significado da
Conferência de Copenhague. Com a autoridade
de quem trabalha com Geografia há muitas décadas,
o professor do Departamento de Geografia da
Universidade de São Paulo (USP) chega a chamar
alguns ambientalistas de “terroristas” do clima, denunciando
o que ele considera um conjunto de
falsidades sobre o assunto.
Em Preste atenção nos mapas, o tema central
é a guerra e seu papel para o desenvolvimento
da Cartografia. Tendo por base as proposições
de Maquiavel sobre a obrigação do príncipe em
conhecer a geografia dos lugares que governa (ou
pretende governar), o texto mostra a importância
dos mapas nesse processo. Também aponta para o
uso cotidiano da tecnologia disponível em nossos
dias (GPS, por exemplo), tornando a linguagem
cartográfica uma necessidade para a compreensão
dos mapas de que dispomos e, principalmente,
para os que necessitamos construir.

Objetivos pedagógicos

Na sequência dos embates das unidades anteriores,
mais uma vez a polêmica e a necessidade de contrapor
opiniões dominam o objetivo pedagógico geral
desta unidade. A diferença é que, agora, as variáveis
políticas estão sustentadas sobre o que
genericamente se denomina “comportamento da natureza”.

Entender as relações entre sociedade e natureza

O debate ambiental torna-se, assim, ferramenta
eficaz para a compreensão das mediações que
determinam as relações da sociedade em meio à
natureza que, a princípio, é nosso fundamento e
condição de vida. Como resultado, há o fato de
nossa existência ser um dos vetores de transformação
dessa natureza.

Compreender que somos parte de um todo.

Esforçamo-nos cotidianamente para fazer com
que esse todo se pareça com (e esteja a serviço
de) uma de suas partes – é a construção conceitual
exigida para a compreensão da unidade. Em
outras palavras: a sociedade é um dos elementos
que compõem a natureza, portanto, em nosso viver
buscamos, sempre, fazer com que os demais
elementos que a constituem se pareçam cada vez

mais conosco.

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