Apresentação
da unidade
Escolhemos, para esta unidade, dois temas
centrais, ordenados de acordo com uma categoria-
-chave para as discussões ambientais: a interface.
Fundamentados no pressuposto de que a diferença
entre os elementos que compõem a natureza é
o motor fundamental para o movimento e que os
contatos entre atmosfera, biosfera, litosfera e hidrosfera
definem os acontecimentos relacionados
aos ecossistemas (direta e definitivamente), os embates
em torno da água e do aquecimento global
são colocados em pauta por meio da construção
da noção de interface.
É importante destacar que o texto, ao tratar da
noção de interface, não deixa de lado o conjunto
de ações genericamente identificadas como antrópicas.
Realçar o conjunto de interferências econômicas,
políticas e culturais que constituem essa interface
torna a discussão um ponto de apoio para
colocar em evidência o que a tradição geográfica
tem chamado de “modos de vida”.
Ao
iniciar com informações sobre os debates
que
envolvem a leitura catastrofista do
aumento
populacional em relação à disponibilidade
de
água, e assumindo o posicionamento
do
relatório da ONU sobre o assunto
(que
aponta o problema da água como
de
ordem econômica e social), o texto evidencia
as
contradições da prática (o caso do
Lago
do Chade, por exemplo) e dos discursos
(no
caso da disponibilização de redes
de
esgoto no Brasil).
Em
seguida, estimulamos o debate sobre as
mudanças
climáticas dando voz aos que querem o
controle
total sobre a emissão de gases do efeito estufa,
aos
que afirmam que tais gases são irrelevantes,
aos
que procuram garantir o direito de poluir e, por
fim,
aos países que não querem, em nome do meio
ambiente,
ver colocada em risco sua capacidade
de
desenvolvimento no atual modelo econômico.
Ainda
sobre esse tema, questionamos o desmatamento
no
mundo e no Brasil, associando o fato
de
que a destruição das florestas está diretamente
relacionada
às tentativas de destruir um modo de
vida
para a implantação de outro.
Nos
complementos, a seção Pausa para pesquisa
aborda
um exemplo de limite fronteiriço
definido
por cursos-d’água. Em Outros olhares,
reproduzimos
uma entrevista com o professor
Aziz
Ab’Sáber, na qual ele avalia o significado da
Conferência
de Copenhague. Com a autoridade
de
quem trabalha com Geografia há muitas décadas,
o
professor do Departamento de Geografia da
Universidade
de São Paulo (USP) chega a chamar
alguns
ambientalistas de “terroristas” do clima, denunciando
o
que ele considera um conjunto de
falsidades
sobre o assunto.
Em
Preste atenção nos mapas, o tema central
é
a guerra e seu papel para o desenvolvimento
da
Cartografia. Tendo por base as proposições
de
Maquiavel sobre a obrigação do príncipe em
conhecer
a geografia dos lugares que governa (ou
pretende
governar), o texto mostra a importância
dos
mapas nesse processo. Também aponta para o
uso
cotidiano da tecnologia disponível em nossos
dias
(GPS, por exemplo), tornando a linguagem
cartográfica
uma necessidade para a compreensão
dos
mapas de que dispomos e, principalmente,
para
os que necessitamos construir.
Objetivos
pedagógicos
Na
sequência dos embates das unidades anteriores,
mais
uma vez a polêmica e a necessidade de contrapor
opiniões
dominam o objetivo pedagógico geral
desta
unidade. A diferença é que, agora, as variáveis
políticas
estão sustentadas sobre o que
genericamente
se denomina “comportamento da natureza”.
Entender as relações entre sociedade e natureza
O
debate ambiental torna-se, assim, ferramenta
eficaz
para a compreensão das mediações que
determinam
as relações da sociedade em meio à
natureza
que, a princípio, é nosso fundamento e
condição
de vida. Como resultado, há o fato de
nossa
existência ser um dos vetores de transformação
dessa
natureza.
Compreender que somos parte
de um todo.
Esforçamo-nos
cotidianamente para fazer com
que
esse todo se pareça com (e esteja a serviço
de)
uma de suas partes – é a construção conceitual
exigida
para a compreensão da unidade. Em
outras
palavras: a sociedade é um dos elementos
que
compõem a natureza, portanto, em nosso viver
buscamos,
sempre, fazer com que os demais
elementos
que a constituem se pareçam cada vez
mais
conosco.
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