Apresentação
da unidade
Começar os estudos de Geografia pela fábrica
não é, em princípio, grande novidade. O que esta
unidade tem de novo é que não foi construída para
ser uma substituta do livro de História. Muito pouco
nos interessou discutir o surgimento da fábrica
e os ciclos de tempo que identificam as diversas revoluções
industriais a partir do século XVIII. O que
nos interessou de fato foi a relação entre a forma e a
localização que o processo fabril realiza e induz; e,
portanto, queremos mostrar como um processo se
torna a base para os estudos da geografia do mundo.
O objetivo de ter como ponto de partida “a fábrica
e seus lugares” é demonstrar a nossos alunos
que
todo processo social tem forma e localização,
e,
mais do que isso, que a própria ocorrência desses
processos
é condição para a mudança, interna
e
externa, dessas formas, ressignificando a relação
com
os lugares.
Assim,
juntando desenvolvimento técnico com
expansão
do mercado e redefinição locacional das
plantas
fabris, observamos que, para produzir, a
fábrica
precisa mudar sua geografia interna. Nesse
processo,
ela acaba por ampliar sua maneira de
intervir
nas formas e dinâmicas do mundo – isto
é,
define a dinâmica das mudanças na geografia
do
mundo.
Assim,
evidenciando as dinâmicas associadas à
implantação
do taylorismo, do fordismo e do toyotismo,
a
discussão em torno do processo produtivo
desloca-se
para a relação com o mercado e, dessa forma,
procura
demonstrar, por meio do paisagístico e
das
mudanças culturais, como e por que a sociedade
fabril
construiu e continua construindo uma geografia
absolutamente
singular.
Na
continuação, vamos nos deparar com a
relação
entre fábrica, banco e constituição do capital
financeiro,
para, logo em seguida, evidenciar alguns
aspectos
relativos ao controle da técnica e da produção
do
conhecimento. Trata-se, portanto, de um
grande
exercício, que exige, a cada passo, a articulação
de
um número cada vez maior de variáveis.
No
final, a seção Pausa para pesquisa traz
uma
reflexão a respeito da circulação de mercadorias,
desde
a produção até sua aquisição pelo
consumidor
final, e suas conexões com a juventude
nesses
diferentes lugares. Na seção Outros
olhares,
reproduzimos uma entrevista com o geógrafo
uruguaio Marcel Achkar sobre os conflitos
que ocorreram em Fray Bentos, na fronteira entre
Uruguai e Argentina. A entrevista nos trouxe a
possibilidade de tornar as contradições do processo
fabril uma realidade mais próxima da imaginação
dos alunos.
A seção Preste atenção nos mapas toca em um
tema delicado para eles: as coordenadas geográficas.
Abordamos ali os problemas que a incapacidade técnica
de definir longitude trouxe para o processo de
expansão mercantil. A complexidade do tema e os
problemas técnicos que estão a ele associados nos
obrigaram a dividir o assunto em duas partes, ficando
a segunda para o final da Unidade 2.
Objetivos
pedagógicos
Esta primeira unidade dá início a uma nova
etapa do processo de alfabetização geográfica: levar
os alunos a reconhecer a dimensão geográfica de
seu cotidiano e as determinações estruturais que
definem o mundo.
Reconhecer a dimensão
geográfica
do cotidiano
Diferentemente
do volume anterior, em que se buscava
reconhecer
os elementos da natureza e identificar a sociedade
como
sendo um deles, a sociedade agora é ponto
de
partida e os elementos da natureza são referências
que
completam o discurso geográfico.
Reconhecer determinações
estruturais
que definem o mundo
Do
ponto de vista da linguagem, o reconhecimento das estruturas
do
mundo contemporâneo demanda o uso mais
intenso
da Cartografia, em diferentes escalas, projeções e
articulações
temáticas.
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